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domingo, 16 de outubro de 2011

Elenco de 'Aquele beijo' discute limites do humor



RIO - Reunido com outros atores do núcleo cômico de "Aquele beijo" - nova trama de Miguel Falabella que estreia amanhã, às 19h, na Globo, trazendo de volta ao horário o peculiar humor do autor -, Diogo Vilela é o primeiro a reconhecer:
- Eu estava pensando em casa, antes desta entrevista, como todo comediante é sério e não fica fazendo piada o tempo todo.
Ao lado de Diogo estão Bruno Garcia, Stella Miranda e Sandro Christopher. Eles concordam com a afirmação do companheiro de cena. Abrigados no cenário que reproduz um restaurante português, o Sonho D'Aveiro, no Projac, os atores discorrem sobre seus papéis cômicos no folhetim, enquanto esperam a chegada de Claudia Jimenez. Parceira de longa data de Falabella, ela tem papel de destaque na comédia romântica.
O grupo está quase terminando a entrevista quando é informado de que a atriz não chegará a tempo. As caras se fecham. Preocupados com o horário, os atores pedem para serem logo fotografados. Tema da conversa, o humor parece ter escapado dali. Só vai dar sinais de que ainda está presente minutos depois, durante a sessão de fotos, na qual um deles sugere abrir um espaço no meio do grupo para que a imagem de Claudia seja inserida, posteriormente, numa montagem.
Já na ficção, o riso nem de longe está ameaçado. Terceiro folhetim de Falabella para a faixa das 19h e o quarto dele na emissora, "Aquele beijo" tem direção-geral de Cininha de Paula e traz para o vídeo um time de feras em comédia que inclui ainda Luis Salém, Ernani Moraes, Bia Nunnes, Elizangela e Maria Gladys. O autor é o primeiro a avisar que seu bem-humorado texto irá permear todas as tramas. Até mesmo a história de amor protagonizada por Giovanna Antonelli e Ricardo Pereira.
Cláudia, mocinha interpretada pela atriz, sonha casar de véu e grinalda com o namorado da adolescência, Rubinho (Victor Pecoraro). Num desses acasos, ela esbarra em Vicente (papel de Ricardo), jovem ainda apaixonado pela ex, Lucena (Grazi Massafera). Os dois viverão, claro, encontros e desencontros.


Novela é ficção. Um personagem filho da mãe serve para gerar discussão. A TV ganhou um papel educador, mas ninguém acha que uma novela de humor das 19h tem como única função formar um povo

Coadjuvantes de peso, os atores que ilustram a nossa capa habitam a Vila Caiada, um dos cenários suburbanos da novela, ambientada no Rio de Janeiro. Todos dão vida a personagens típicos do universo de Falabella. Sandro, por exemplo, faz um cover de Elvis Presley chamado Bob Falcão. Bruno é Joselito, um médium muito tímido que perde os poderes ao se apaixonar. Já Diogo está na pele de Felizardo, um nordestino mulherengo casado com Locanda (Stella), mulher que desconta todas as frustrações em suas funcionárias.
- O meu papel é o mais politicamente incorreto da trama. Ele é agressivo, ignorante, não vale nada. Por outro lado, possui uma ingenuidade que também lhe dá uma candura - explica Diogo.
O ator tem noção da responsabilidade que é incorporar um tipo casca-grossa em tempos de forte discussão sobre os limites do humor:
- A gente está vivendo uma época que é quase uma inquisição. As redes sociais estão virando algo fascista e viraram subgrupos. Se você não faz parte de nenhum deles, apanha.
Para Stella, as pessoas estão levando tudo muito a sério. A atriz, que esteve nas duas primeiras novelas de Falabella - "Salsa & merengue" (1996) e "A lua me disse" (2005) - e interpretou a síndica Dona Álvara, em "Toma lá, dá cá", salienta que hoje tudo pode gerar polêmica:
- Não sei mais o que ofende e o que não ofende. Pode falar negro? Pode falar crioulo?
Estreante em uma trama de Falabella na TV, Bruno Garcia tem experiência no gênero humorístico. O ator trabalhou este ano com o escritor na peça "A escola do escândalo" e, agora, tem a missão de interpretar um tipo considerado difícil por ele: o médium que ajuda a prima em sua farsa. A personagem de Claudia Jimenez, Mãe Iara, é uma falsa vidente. Apesar das cenas dos dois praticamente funcionarem como esquetes dentro da novela, Garcia diz que está ali a serviço da dramaturgia. Não apenas da piada.


Limite a gente traz de casa, pai e mãe é que dão. Eu já fiz muita besteira na vida. Em "Toma lá, dá cá", chamei a Bozena de autista e, depois, pedi desculpas
- Novela é ficção. Um personagem filho da mãe serve para gerar discussão. A TV ganhou um papel educador, mas ninguém acha que uma novela de humor das 19h tem como única função formar um povo, não é? - questiona o ator.
Escolado, Falabella afirma não se policiar tanto ao mexer num campo minado definido por ele mesmo como alta comédia.
- Este é o problema de escrever num país onde a educação não avança. Eu acredito que as pessoas são capazes de entender a essência do que quero dizer. Limite a gente traz de casa, pai e mãe é que dão. Eu já fiz muita besteira na vida. Em "Toma lá, dá cá", chamei a Bozena de autista e, depois, pedi desculpas. As pessoas também criticavam as personagens negras que queriam alisar o cabelo em "A lua me disse" - recorda ele, um autor geralmente habilidoso na arte de se comunicar com as massas: - Tenho orgulho de ser um artista popular e sou por opção. Poderia fazer uma linha cabeça. Mas não tenho baixa autoestima intelectual.
"Aquele beijo" resgata o Falabella das crônicas escritas por ele nos jornais. Depois da malsucedida "Negócio da China" (2008), exibida às 18h, o autor terá a chance de contar uma história para o público das 19h, ávido por uma gracinha.
- O meu humor não é o da piada, mas vejo a vida por uma ótica particular. O ser humano é patético nesta busca pela felicidade e sempre há algo risível em qualquer tipo de situação - analisa.
É o caso de Bob Falcão. O tipo interpretado por Sandro Christopher imita o rei do rock, se apresenta para meia dúzia de gatos pingados e sabe que nunca será um sucesso.
- Bob é extremamente patético. O personagem é exagerado, mas não é construído na caricatura. Miguel não trabalha dessa forma- revela Sandro, em seu quinto trabalho com Falabella.
Diogo, que trabalhou recentemente na TV com o escritor em "Toma lá, dá cá", tenta classificar os tipos que veremos no ar a partir de amanhã:
- Os personagens do Miguel não são maniqueístas. São pessoas com todas as suas idiossincrasias.


1 comentários:

stellamiranda disse...

Uma reportagem maravilhosa para celebrar a estreia de "Aquele Beijo"

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